Desta vez trago-vos o exemplo de uma ilustração de grande formato (66 x 95 cm), que representa a antiga cidade de Braga em 1768. Esta foi talvez a ilustração mais trabalhosa que realizei até ao presente, quer pela dimensão, pelo detalhe e tempo necessário para a sua execução. O desenho preparatório a lápis foi realizado com todo o rigor a partir das fontes iconográficas coevas, a partir do auxílio do Mapa das Ruas de Braga de 1750 e do mapa de Braga Primaz de André Soares datado de 1756, bem como de inúmeras fotografias do século XIX e inícios do XX, com edifícios entretanto desaparecidos. Foi um trabalho moroso que exigiu atenção aos detalhes dos edifícios que entretanto foram destruídos e desmantelados, para garantir que esta imagem representasse de facto uma cidade verdadeira e não ficcionada.

A segunda fase do desenho consistiu em fazer a tintagem, ou seja, redesenhar tudo com canetas de tinta da china com diferentes espessuras de acordo com os efeitos gráficos da linha, de forma a enfatizar subtilmente os volumes e profundidade.


A terceira e última etapa consistiu em pintar toda a superfície com aguarela. Foi dada especial atenção às tonalidades para que a cor não ficasse homogénea, impedindo deste modo que o desenho ficasse "plano". Quase todos os telhados têm tonalidades diferentes, e a pintura do terreno segue o mesmo critério, ficando as cores mais intensas em primeiro lugar e ao fundo as cores mais subtis. Deste modo, o desenho ganha profundidade e realismo, dando a sensação de que é tridimensional.
O trabalho de pintura é muito exigente e obriga a um controlo constante para que se respeite as formas e os espaços a pintar. Depois do desenho estar todo pintado, fizeram-se as sombras a partir de um registo prévio a lápis sobre a aguarela, ou então de forma livre e espontânea, sempre de acordo com a direcção da luz do sol. O trabalho total compreendeu pelo menos 700 horas, e exigiu uma dedicação e esforço físico consideráveis.




Esta ilustração faz parte de um conjunto de imagens que foram desenvolvidas para o Centro Interpretativo da História de Braga, o qual permite revistar a cidade ao longo de mais de dois mil anos de existência.
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